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Insetos & Cia

FORMIGAS URBANAS - UM DESAFIO DOS TEMPOS MODERNOS
A população de São Paulo e certamente de diversas cidades no Brasil começa a enfrentar um novo problema: a infestação das formigas urbanas.
FORMIGAS URBANAS – UM DESAFIO DOS TEMPOS MODERNOS Elas são pequeninas, conhecidas como formigas de açúcar ou formiguinhas. Em geral são minúsculas e se escondem e se infiltram em todos os lugares da casa, do comércio, do restaurante , da indústria. Adoram açúcar mas também comem insetos (proteínas) e quase todo o tipo de alimento. Num dia elas estão na cozinha; no outro dia ,no banheiro; uma semana depois elas tomaram conta da casa Entram em delicadas engrenagens eletrônicas, danificam computadores e pouco ainda sabemos sobre elas. É uma tortura conviver com elas pois não há canto que escape, o que leva qualquer um à loucura. Uma espécie freqüen-temente encontrada nos Estados Unidos e Europa tem sido bastante estudada – a Monomorium pha-raonis, uma formiguinha bem pequena e de coloração marrom. Porém existem muitas outras espécies infestando os nossos ambientes urbanos, além desta. É bastante comum encontrarmos di-versas espécies diferentes ocupando nichos dentro da mesma estrutura. Uma espécie muito comum é a Tapinoma melanocepha-lum (formiga fantasma). A principal característica desta espécie é que ela tem pernas e gaster (abdomen) numa cor branca, meio vitrificada, vista na lupa. A olho nu parece que as perninhas são invisíveis, daí o nome popular. Ela é frequen-temente encontrada em residências, escritórios, restaurantes, hospitais. As outras espécies de formigas urbanas já observadas no Brasil, de acordo com os pesquisadores do Instituto Biológico e CEIS (Centro de Estudos de Insetos Sociais) da UNESP de Rio Claro são: & border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Paratrechina longi-cornis( formiga louca) & border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Paratrechina fulva & border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Solenopsis spp (lava-pés) & border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Camponotus spp (for-miga carpinteira) & border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Wasmania auropun-ctata – pixixica & border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Crematogaster spp – formiga acrobata) & border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Pheidole spp – formiga cabeçuda) & border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Brachymyrmex spp & border=0 hspace=6 vspace=6 >61656; Linepithema humile – formiga argentina) Diversos estudos já feitos a respeito destas espécies demonstram que elas tem algumas características em comum, tais como, eusociabilidade (são insetos verdadeiramente sociais e nestas colônias ocorre a divisão de trabalho, a presença de várias gerações em um mesmo período e o cuidado com a prole); a poliginia (presença de diversas rainhas);a fragmentação das colô-nias e a grande facilidade de migração. Porém podem ter hábitos ali-mentares diversos, o que vai complicar em muito o controle destes insetos. A capacidade de fragmentação das colônias é uma das características mais importantes pois é a causadora das infestações súbitas e generalizadas nos ambientes urbanos. Em laboratório já foi observado que quanto mais “perturbação” as formigas recebem, mais as colônias se expandem. Fora do laboratório o que frequentemente ocorre é as pessoas utilizarem algum tipo de inseticida localizado para combater o problema. Os inseticidas são aplicados geralmente com bombas ou frascos de aerosol pressurizados. Como as formigas são muito pequenas, qualquer frestinha é suficiente para abrigo. Assim que elas percebem a “perturbação” do inseticida sendo aplicado, elas dividem a colônia em grupos com rainhas, operárias e larvas e se deslocam para outros nichos. A aparência inicial é a de que o problema foi resolvido. Pouco tempo depois, elas parecem “brotar” por todos os lados,o que desnorteia quem está vivendo o problema. A recomendação dos especialistas é de que não sejam utilizados inseticidas líquidos pul-verizados no controle destes insetos. A tendência é a utilização de iscas na maioria dos trabalhos a respeito de controle. Assim mesmo, este trabalho tem que ser feito por um profissional, pois há necessidade de identi-ficação da(s) espécie(s) infestante(s) para adequar o tratamento. Estas formigas são em sua maioria, introduzidas no Brasil. Sua origem é a África. Aqui elas se adaptaram às estruturas urbanas. Podem se alojar em frestas, mesmo que não exista nenhum jardim próximo. Foi observado que áreas em que piso e paredes estejam bem vedados, sem rachaduras é mais rara a presença destes insetos. A espécie Camponotus pode ser considerada inclusive como indicador de deficiências estruturais e a sua presença demandar medidas de manutenção, segundo Fowler et al(1993). São facilmente trans-portadas em roupas, compras, embalagens, produtos, etc. Devido à sua facilidade de dispersão e fragmentação, elas podem iniciar uma colônia com muito poucos indivíduos. Elas precisam de frestas e alimentos à base de carboidratos e proteínas. O hábito que as pessoas tem de levar alimento fora do refeitório ou da cozinha permite que estas formigas encontrem novos habitats. Do ponto de vista de saúde pública as formigas urbanas tem sido bastante estudadas e representam um grande risco de contaminação mecânica de microrganismos patogê-nicos. Dois trabalhos desenvolvidos na Checos-lováquia e publicados em 1992 (Srámová et al) concluíram que diversos artrópodes, coletados em áreas hospitalares dentre eles algumas espécies de formigas, portavam micror-ganismos patogênicos (Enterobacter spp, Kle-bsiella spp, Citrobacter spp) resistentes a mais do que três antibióticos. Quando falamos em pragas estamos sempre falando de matéria orgânica em decompo-sição, lixo, etc. No caso das formigas urbanas, nem sempre isto é verdadeiro. Em 1973 a Revista Lancet publicou uma informação de que foi encontrada na UTI de um hospital na Grã Bretanha uma grande quantidade de formigas (Monomorium pharaonis) aninhadas em uma prateleira contendo mate-rial esterilizado a ser utilizado. A mesma revista publicou no mesmo ano outro incidente . Desta vez as formigas infestaram embalagens de soro que se encontravam estocadas na enfermaria da ala cirúrgica do hospital. As formigas roeram o plástico protetor dos frascos de soro. Neste caso algumas formigas foram coletadas(a espécie era também M. pharaonis) e foi constatada a presença de Pseudomonas aeruginosa. No Brasil um trabalho de 1993 desenvolvido por Fowler et al identificou inúmeras espécies de formigas urbanas presen-tes em um mesmo hospital, com predominância da T. melanocephalum. Estavam presentes também nestes insetos microrganismos patogênicos importantes na infecção hospitalar tais como, Klebsiella spp, Staphlococcus aureus, Enterobacter spp, dentre outros. Os autores concluem que, devido ao seu tamanho e por muitas vezes, passarem desa-percebidas, as formigas urbanas devem ser consideradas como os principais agentes trans-portadores de bactérias associadas às infecções hospitalares. Há uma grande necessidade de se desenvolverem estudos no Brasil relacionados à presença e papel destas formigas nos diversos ambientes urbanos. Muitas espécies ainda não foram bem estudas e o Brasil, por ser um país tropical, favorece o estabelecimento e proliferação destas espécies.• 1/6/2000

 

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