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Insetos & Cia

O DENGUE ESTÁ DE VOLTA
UMA PREOCUPAÇÃO PARA A SAÚDE PÚBLICA
O DENGUE ESTÁ DE VOLTA O dengue volta a ser uma preocupação para a Saúde pública. Esta doença tem alcançado níveis epidêmicos em algumas regiões do Estado de São Paulo e o número de casos vem crescendo a cada ano que passa. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o dengue é endêmico em mais de 100 países na África, nas Américas, no leste do Mediterrâneo, no Sudeste da Ásia e Pacífico. Antes de 1970, somente 9 países haviam registrado epidemias do dengue hemorrágico. Este número quadruplicou em 1995. Cerca de dois quintos da população mundial tem o risco de contrair a doença e a OMS calcula ocorrerem 50 milhões de casos no mundo, todos os anos. Somente em 1998 foram registrados mais de 616.000 casos de dengue nas Américas, dos quais 11.000 eram de dengue hemorrágico. No Brasil a doença foi erradicada durante a década de 50. Alguns anos depois, em 1967, alguns casos foram registrados no Pará; em 1976, em Salvador; em 1977 no Rio de Janeiro. A primeira epidemia documentada pós erradicação acontece em Boa Vista, Roraima, em 1982. Em seguida ocorrem epidemias em vários estados da Federação. No Rio de Janeiro entre 86 e 87, mais de 1 milhão de pessoas contraem a dengue, do sorotipo 1. A década de 90 é marcada por uma epidemia de dengue hemorrágico no Rio de Janeiro com 463 casos positivos e 8 óbitos. No mesmo ano o Estado de São Paulo registrou uma grande epidemia em Ribeirão Preto, atingindo 59 municípios, quando foram registrados 6.701 casos autóctones (doença adquirida na região). Em 2.000 foram registrados 230.910 casos da doença em todo o Brasil, com 51 casos de dengue hemorrágico nos Estados do Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo. Em São Paulo, no ano de 2.001, o transmissor do dengue, o mosquito Aedes aegypti está presente em 481 municípios. Segundo dados divulgados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, o Estado já registra 8.558 casos autóctones da doença somente em 2.001, contrastando com os 3.532 casos de 2.000 (última atualização em 16.04.01 no site CVE). O município de Barretos lidera com 2.400 casos. Em seguida vem S. José do Rio Preto com 959 casos, Jardinópolis, com 587 e Borborema, com 429 casos. O dengue é uma doença infecciosa causada por um arbovirus (sorotipos 1, 2, 3 e 4) que é transmitido por duas espécies de mosquitos – o Aedes aegypti e o A. albopictus. As duas espécies picam durante o dia, ao contrário do Culex spp. (mosquito comum), que pica à noite. O homem é o único vertebrado a desenvolver a doença. Os mosquitos transmissores do dengue vivem nos centros urbanos, proliferando dentro ou muito próximo das habitações, depositando os seus ovos em diversos recipientes que contenham água limpa e boas condições de sobrevivência para a prole. Os indivíduos infectados possuem imunidade de longa duração e sorotipo específica, ou seja , estes indivíduos serão imunes ao sorotipo que os infectou, porém não aos outros 3. Isto quer dizer que uma pessoa que contraiu um tipo de dengue pode vir a contrair os outros tipos , e a doença pode se manifestar na sua forma mais agressiva , que é a hemorrágica. Neste último caso, sem atendimento médico adequado, a letalidade é de 20%. O tratamento do dengue é apenas sintomático e não existe vacina. Uma pergunta deve ser feita depois de analisar os dados acima.: por que o dengue voltou e com tanta força? Os sites oficiais que disponibilizam estas informações não esclarecem a respeito das medidas de controle e prevenção que tem sido tomadas nestes últimos anos. No entanto, fica claro , ao analisar estes números que municípios como Santos, por exemplo, que chegou a ter 4.685 casos em 1999, teve este número reduzido para 50 casos em 2.000. Certamente deve ter existido um grande esforço no sentido de mudar esta situação. O controle do dengue é desenvolvido através de medidas de controle mecânico (remoção dos criadouros, limpeza, localização dos focos); químico (aplicação de inseticidas específicos nos focos e nas suas imediações) e principalmente , depende de uma intensa e abrangente educação sanitária da população, com o engajamento de todos os cidadãos no interesse comum. Pesquisando os vários sites na internet que esclarecem a respeito do assunto é possível observar , em se tratando de insetos de ciclo de vida essencialmente urbano, a variedade de nichos que o homem cria para o seu desenvolvimento. Exemplificando: pratos de plantas, vasos de água com flores, filtros, caixas d’água, tambores, bebedouros, pneus, descartáveis, garrafas e vasilhames, baldes, bacias, peças metálicas, cemitérios de automóveis, piscinas, lonas de proteção, calhas, cacos de vidro, ocos de árvore, lajes, ralos, aquários, fosso de elevador e´, mais recentemente, as bromélias, pelo seu alto valor comercial e uso na decoração de ambientes, passou a ser um novo meio de criação das larvas. O principal e mais conhecido criadouro destes mosquitos, os pneus sem uso, também merecem um comentário à parte. Recentemente a imprensa noticiou que em 1990 foram importados para o Brasil 20 milhões de pneus usados que destinavam-se a recauchutagem. Calcula-se que o Brasil deva ter hoje cerca de 100 milhões de pneus abandonados, um passivo ambiental, que pode ser um dos mais importantes criadouros e consequentemente, um alvo a ser perseguido pelos sanitaristas. As indústrias de uma forma geral devem se preocupar com a forma de destino dos materiais residuais. É comum observar em campo pilhas de equipamentos, peças, materiais para reciclagem, muitas vezes sem a devida proteção contra as chuvas, abrindo inúmeros espaços para a fixação do mosquito do dengue. O controle desta doença poderá ser alcançado, mas para isto depende de um esforço de Governo e Sociedade, sem o qual, continuaremos a analisar as estatísticas crescentes. Sites que informam a respeito da dengue: www.cdc.gov/travel/dengfvr.htm www.cve.saude.sp.gov.br www.sucen.sp.gov.br www.funasa.gov.br www.anvisa.gov.br www.fiocruz.br www.oms.ch/ 1/4/2001

 

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